No total, serão 200 vagas para 39 escolas indígenas do Estado

Lançado em São Benedito, concurso do Governo do Ceará seleciona professores indígenas para escolas de 14 etnias

Reconhecer e valorizar a diversidade da população passa, prioritariamente, por implementar políticas públicas voltadas às necessidades das pessoas. Para atender uma demanda dos povos indígenas do estado, o Governo do Ceará lançou, nesta quinta-feira (20), o primeiro concurso público para povos indígenas. Os aprovados serão professores nas escolas indígenas da rede estadual de ensino. O lançamento aconteceu na Aldeia Gameleira, do Povo Tapuya Kariri, em São Benedito.

Ao todo, são 200 vagas, que contemplarão 14 etnias: Anacé; Gavião; Jenipapo-Kanindé; Kalabaça; Kanindé; Kariri; Pitaguary; Potyguara; Tabajara; Tapeba; Tapuya Kariri; Tubiba Tapuya; Tupinambá e Tremembé.

Eles contam com 39 escolas indígenas do Estado, nos seguintes municípios: Acaraú, Aquiraz, Aratuba, Canindé, Caucaia, Crateús, Itapipoca, Itarema, Maracanaú, Monsenhor Tabosa, Novo Oriente, Pacatuba, Poranga, Quiterianópolis, São Benedito e Tamboril.

A iniciativa acontece por meio da Secretaria da Educação (Seduc), em parceria com a Secretaria dos Povos Indígenas (Sepin). O valor da remuneração para os aprovados será de R$ 6.147,69 para a carga horária de 40 horas semanais, com auxílio alimentação no valor de R$ 15,87 por dia útil trabalhado, conforme cargo inicial dos servidores do magistério na rede Seduc.

Momento histórico

A cultura indígena permanece viva, por meio do repasse de conhecimentos entre gerações. A afirmação vem de Maria do Socorro Rodrigues, do povo Tapuya Kariri, pedagoga na Escola Indígena Francisco Gonçalves de Sousa, que reforça ainda a importância do primeiro concurso para os povos indígenas. “O concurso público específico para professor indígena é uma luta do próprio movimento, dos nossos troncos velhos, e nós conseguimos através de muita luta, de muita resistência”.

Ela, inclusive, ressalta a importância de honrar os ancestrais nesse momento de reparação histórica. “Os nossos troncos velhos são fundamentais dentro das nossas escolas, é através da história deles que conseguimos contar as nossas histórias e de nosso povo. Na escola indígena, nós ensinamos o convencional, mas o que nos sustenta, nos deixa aqui, enquanto povos indígenas, é o nosso movimento, é a nossa história de luta e resistência nesse país que tem um dívida imensa conosco, povos originários”.

O governador Elmano de Freitas diz ter a compreensão do que é a escola indígena. “A escola dos povos indígenas é um instrumento da transmissão dos valores, da vida, da cultura desse povo. Ela é muito mais do que a transmissão de conhecimentos pedagógicos dos que não são indígenas. E é por isso que eu tenho a absoluta segurança de que a decisão que estamos tomando é histórica, mesmo. Eu tenho muito orgulho de estar aqui para lançar esse edital ao lado de vocês”.

Confecção de maraca, pinturas e a importância dos territórios estão entre os aprendizados repassados no ambiente escolar indígena. Mariel Mendes, dos povos Tapuya Kariri, apaixonado pelas pinturas corporais, é um dos alunos da Escola Indígena Francisco Gonçalves de Sousa e reconhece com entusiasmo a importância da cultura de seu povo. “É legal aprender sobre os povos indígenas, sobre a nossa história. Eu acredito que isso é muito importante. Dentro da escola, a gente aprende a fazer cordões, cocás e pinturas indígenas”, destaca Mariel.

A secretária dos Povos Indígenas, Juliana Alves, fala da alegria de fazer parte do momento. “Esse edital é motivo de muita alegria. Nossa alegria é maior por ser o edital lançado no nosso território indígena”.

A secretária da Educação, Eliana Estrela, reforça: “A nossa gestão tem como uma de suas prioridades as demandas dos povos indígenas”.

O lançamento do edital teve, ainda, a presença da secretária da Cultura, Luísa Cela, e da secretária da Diversidade, Mitchelle Meira. Entre os parlamentares presentes, a senadora Augusta Brito, o deputado estadual Júlio César Filho e o deputado federal Idilvan Alencar.

Mais sobre o edital

O concurso organizado e executado pela Fundação Universidade Estadual do Ceará (Funece), por intermédio da Comissão Executiva do Vestibular da Universidade Estadual do Ceará (CEV/Uece). O edital será divulgado a partir desta sexta-feira (21), no endereço eletrônico . O período de inscrição vai de 3 de setembro a 2 de outubro de 2023.

Em relação às vagas, elas serão distribuídas por área do conhecimento para os anos iniciais do Ensino Fundamental e por área do conhecimento para os anos finais do Ensino Fundamental e para o Ensino Médio, sendo para: Linguagens; Ciências da Natureza; Matemática e Ciências Humanas, Sociais e Aplicadas.

A seleção será dividida em três fases: prova objetiva, prova prática e avaliação de títulos, sendo aprovado no concurso os classificados pelas três etapas e com a devida habilitação em licenciatura em curso de nível superior.

 (Fonte: Governo do Estado do Ceará)


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